Análise a ‘Where The Crawdads Sing’

Kuro Lilie
oitobits
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4 min readSep 12, 2022

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★★★★★ — A natureza sabe tudo sobre a morte, não a classifica como má ou pecado, porque na natureza, todas as criaturas fazem o que podem para sobreviver.

Sinopse:
Kya, uma rapariga que cresceu nos pântanos, depara-se agora a ser acusada de homicídio.

Sobre o Filme:
Este firme com cerca de 2h é de género Drama/Mistério/Thriller, e é adequado para espectadores acima dos 15 anos, mas poderá ser, em algumas ocasiões, um filme pertinente para espectadores por volta dos 13 anos.
É uma adaptação do livro de Delia Owens com o mesmo nome.
Como é de esperar, há algumas diferenças entre o livro e o filme, mas o espectador pode ficar descansado que estas diferenças serão apenas em detalhes e nada que signifique uma mudança no rumo da história…a maior diferença que temos, em relação ao livro, é a cronologia em que a história nos é contada, sendo o filme na sua maioria flashbacks e o livro sendo apresentado aos leitores em ordem cronológica.

Análise Narrativa:
Não é um filme que seja inesperado, a curiosidade é o que nos prende ao filme, assim como a excelente atuação por parte dos atores e atrizes.
É um filme sobre isolamento, solidão, discriminação, medo e o sofrimento causado pela perda de pessoas que são importantes. Temos também uma grande parte sobre a natureza e o conceito de “certo e errado”, de predador e presa, de sobrevivência…quase como os documentários sobre a vida selvagem.
A história é entregue através da narração por parte de Kya, a nossa personagem principal.
Temos a sensação de que muitas coisas não nos foram contadas, o que é normal visto que este filme é baseado num livro e a sua execução integral iria significar ter um filme 2 vezes mais longo.
Há um ambiente calmo no filme, quase que o faz parecer lento…coisa que não é verdade, temos sempre algo a acontecer, algo que, se fosse emitido, nos deixaria confusos…o que realmente temos aqui é a falta de ação (movimentos rápidos de camera e movimentos corporais por parte das personagens)…o que analisando em profundidade faz todo o sentido, se o compararmos com o que acontece na natureza.

Imagem e Som:
A música é trazida por Mychael Danna, com uma “vibe” mais celta, com a introdução de instrumentos de sopro em madeira que nos fazem lembrar os instrumentos dos povos “Native American”, e a adição do banjo que nos lembra dos pântanos…toda esta mistura é algo que podemos encontrar nos documentários sobre a natureza…e que ainda reforça mais a ideia que nos está a ser transmitida narrativamente.
Taylor Swift escreveu a canção que temos presente nos créditos finais, canção esta que encapsula a história da nossa personagem principal e que tem parte da melodia presente na banda sonora do filme.
A nível de imagem, temos uma enorme presença da natureza sem termos a adição de “vernizes cinematográficos”, uma visão e narrativa mais crua da vida real, sem haver drama que nos leva ao culminar de emoções de 10 em 10 minutos, e que por vezes até parece ser anticlimático.

Personagens:
Vamos começar por dizer que temos aqui uma fenomenal atuação por parte de todos…de salientar Daisy Edgar-Jones, que nos prende ao ecrã durante todo o tempo.
A nível de informação que nos é entregue sobre as personagens, Kya (Daisy Edgar-Jones) é a personagem que ficamos a conhecer melhor, no entanto conseguimos ter uma ideia do que esperar das restantes personagens.

Opinião Final:
Este filme tem uma vertente mais filosófica e é a curiosidade que nos prende ao filme. É um filme que faz pensar sobre a nossa própria categorização do que está certo e errado, em comparação com o que acontece na natureza.
A natureza não tem morais, não há certo ou errado, na natureza os animais fazem o que têm que fazer para sobreviver, e esta é a “maneira de ver o mundo” com a qual a nossa personagem principal vive.
Uma espécie de documentário sobre a sobrevivência…em vez de animais, temos o ser humano…em pequena escala sim, no entanto a ideia transmitida não necessita uma escala maior.
É um filme interessante, especialmente para espectadores que amam a natureza.

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Kuro Lilie
oitobits

Licenciada em Som e Imagem. Apaixonada por fotografia e cinema, com queda para a escrita e desenho…e com um estranho gosto pela psicologia.