Análise a ‘Turning Red’

★★★ — Um filme que nos recorda o estilo de animação utilizado em Anime.

Sobre o filme e a sua narrativa:

Este é um filme de animação, comédia e aventura, que está disponível para visualização na Disney+; fala sobre a adolescência e todas as alterações que acontecem fisicamente e psicologicamente…algo que para alguns espectadores possa ser pouco evidente. Este tema é entregue através de analogias com uma elevada dose de comédia. Para quem viu o trailer não irá precisar de muita explicação…e pode até acabar por perceber o desfecho da história visto ser simples e com uma grande dose de “conveniência narrativa” pelo meio.
É um filme na mesma linha dos filmes da PIXAR e da Disney (filmes como NEMO, INSIDE OUT, COCO e ENCANTO), sobre determinada cultura e as suas tradições onde existem traumas familiares que passam de geração em geração, assim como a relação entre os elementos dessa família…no entanto estes temas são entregues ao espectador de uma maneira mais leve, quase infantil, o que o torna especialmente apropriado para audiências entre os 10 aos 15 anos.
Mesmo sendo para audiências mais novas conseguimos perceber que há uma tentativa de trazer as pessoas na casa dos 20 anos devido ás referências usadas no filme (coisas que estavam na moda entre 2000 e 2005), no entanto isto é misturado com as expressões linguísticas dos dias de hoje…o que pode ser um pouco confuso e por vezes nem fazer muito sentido.

Som e imagem:

A nível de imagem percebemos facilmente que este filme tem uma grande influência vinda do estilo usado em Anime (ficam alguns exemplos nas imagens abaixo). Temos neste filme uma tentativa de misturar o 2D com o 3D…ou quase transformar uma Anime (tipicamente 2D) em algo 3D…algo que pode não ser para todos os gostos. A paleta de cores é extremamente viva, temos um recurso a efeitos de luz que são também vindos do estilo presente em Animes. Para quem cresceu com o estilo de animação japonesa, com certeza conseguirá identificar facilmente as referências usadas neste filme.
A animação é simples, com poucos detalhes e pouco realista, tornando-se bastante flat (característica do 2D)….o que pode ser um ponto negativo quando temos uma cena mais emotiva, especialmente quando acompanhadas de ações completamente irrealistas ou expressões faciais exageradas.
A nível de som não há nada a apontar; a nível de música temos a participação de Billie Eilish e FINNEAS na criação das músicas da boys band do filme (cujas vozes pertencem a Jordan Fisher, FINNEAS, Josh Levi, Topher Ngo e Grayson Villanueva); as músicas de fundo são da autoria de Ludwig Goransson, que nos trás um coleção de músicas que vão do tradicional chinês até ao hip-pop…algo que se adequa extremamente bem ao filme, pela sua fusão do tradicional com o moderno.

Personagens:

Mesmo tendo um ritmo constante, este filme não conseguiu mostrar o lado psicológico de muitas das personagens. Pondo este filme ao lado dos filmes referidos no início, podemos ver o quão superficialmente estas personagens nos foram apresentadas….e com isto não quer dizer que seja um erro, porque tudo depende do publico alvo (que neste caso é dos 10 aos 15 anos), e muito provavelmente, para esse tipo de audiência, um aprofundamento do lado psicológico não seja tão necessário…ou melhor…seja uma perda de tempo visto que a audiência em questão não irá conseguir compreender toda a complexidade psicológica por detrás das ações das personagens.

Opinião final:

Com tudo isto dito, pode parecer que o filme não é bom…o que não é verdade…o que estamos a tentar dizer é que, para audiências acima dos 15 anos, este filme poderá não ser nada de especial, no entanto, abaixo dessa idade o filme pode ser completamente apropriado.
Mesmo sendo um filme que não irá ficar para a história a nível narrativo (existem outros filmes que transmitem os temas de maneira mais completa), a nível de animação pode ser um começo, quase como a abertura de uma janela, para o nascimento de outros estilos de animação.