Análise a ‘HEARTSTOPPER’ — Temporada 1

Kuro Lilie
oitobits
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4 min readApr 23, 2022

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★★★★ — Provavelmente uma das melhores adaptações que a NETFLIX fez até agora.

Esta é a história de uma amizade entre dois adolescentes, Nick e Charlie, que poderá transformar-se em algo mais.

Sobre a série:
Mini série trazida pela NETFLIX, uma produção SEE-SAW FILMS, com 8 episódios, sendo estes uma adaptação dos comics de Alice Oseman, do género Romance e Drama, indicado para os adolescentes acima dos 13 anos.
O processo de “sair do armário” é o tema central, seja tanto a saber lidar com os olhares da sociedade como as relações que se tem entre amigos e família, temos também um foco nas consequências e dificuldades a nível psicológico que são trazidas por este tipo de mudanças. É uma série repleta de diferentes tipos de sexualidades, temos de tudo um pouco e com certeza muitos se irão identificar, especialmente os que sejam da comunidade LGBTQ+ visto que esta série se foca precisamente nesta comunidade.

Narrativa:
A nível de narrativa temos um ritmo acelerado; há sempre algo a acontecer, no entanto não sentimos que estamos a ir rápido demais, a maior parte do tempo nem damos pelo tempo passar e acabamos surpreendidos quando o episódio acaba, ao ponto de nos levar a dizer “Como assim o episódio já acabou?!”.
Sendo uma adaptação para televisão, esperamos que o que acontece nos livros ou comics seja o mais fidedigno possível…algo que acontece, tirando alguns detalhes, que para quem leu os comics, será fácil de identificar, mas que não irá afetar o desenrolar da história.

Música e Som:
Em termos de música temos um reportório mais virado para o pop e indie, algo que funciona extremamente bem, no entanto alguns momentos musicais estão demasiado evidentes e quase “afogam” todos os outros sons.
Há algumas falhas a nível de mistura de som, mas nada de muito grave…para alguns até pode passar despercebido.
A nível de banda sonora, que nos é trazida por Adiescar Chase, temos um tipo de música minimalista e progressiva, que se encaixa perfeitamente no “crescer de emoções” e “espiral de pensamentos” que acontece durante toda a série.

Imagem:
A junção de elementos dos comics em overlay deu um toque especial a esta série, seja tanto a nível de pequenos desenhos como a nível de pequenos efeitos de luz e cor.
A nível de imagem temos um cuidado em manter tudo o mais perfeito possível…algo que poderia não funcionar em muitas séries e filmes, no entanto nesta série funciona perfeitamente, talvez devido ao facto de em comics termos um aspeto mais “clean”.
Algo que pode não ter funcionado tão bem é o tremer de camara, que pode ser propositado para representar o lado psicológico da personagem ou até o seu ponto de vista (POV), mas que muitas vezes se torna exagerado e nos desconecta da cena a ser representada.

Personagens:
Finalmente a NETFLIX decidiu ter adolescentes reais a interpretar adolescentes! Isto é algo que torna a série ainda melhor, tanto a nível visual como mesmo pelo facto de que o espectador irá se identificar com estas personagens ou criar uma ligação mais facilmente.
O elenco foi excecionalmente bem escolhido. Os atores e atrizes são a cara das personagens que estão a interpretar, seja a nível físico como a nível de personalidade.
De salientar a interpretação de Kit Connor (Nick Nelson), Joe Locke (Charlie Spring), Yasmin Finney (Elle Argent), William Gao (Tao Xu), Sebastian Croft (Ben Hope) e Jenny Walser (Tori Spring).
Não iremos entrar em detalhe sobre as personalidades de cada personagem porque isso iria levar a spoilers e é algo que estamos a tentar evitar para quem ainda não viu a série ou leu os comics…no entanto iremos deixar aqui uma imagem de referência para terem uma ideia de como algumas das personagens são fisicamente nos comics e na série.

Elle, Tao, Charlie, Nick, Darcy e Tara — versão dos comics (à esquerda) / Parte de elenco da série (à direita)

Opinião final:
É uma série que faz sonhar, que nos dá uma vibe de “tudo é possível”.
Teremos muito provavelmente uma segunda temporada porque esta série foi muito bem recebida pelos espectadores…e porque ainda temos mais 4 volumes que podem ser adaptados para série televisiva.
Para quem pertence ou se identifica com a comunidade LGBTQ+ esta série é quase obrigatória.

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Kuro Lilie
oitobits

Licenciada em Som e Imagem. Apaixonada por fotografia e cinema, com queda para a escrita e desenho…e com um estranho gosto pela psicologia.